Iniciativas e parcerias dão bons resultados na educação do Brasil
Elas transformam a escola em um lugar mais agradável, eficiente e atraente para alunos, professores e pais. A criação de um ambiente favorável ao ensino está menos ligada a grandes investimentos na estrutura física das escolas e mais ao acompanhamento do dia a dia da sala de aula.
Nesta sexta-feira (13), na última reportagem desta série sobre a educação no Brasil, Alan Severiano mostra iniciativas que transformam a escola em um lugar mais agradável, eficiente e atraente para alunos, professores e até para os pais.
Bairro pobre de São Paulo, escola sem infraestrutura. Tinha tudo para dar errado e dava. Até que uma janela se abriu. Uma parceria com empresários melhorou as instalações e treinou mais de cem professores.
“Eu aprendi que você tem que ver o que eles sabem também e a partir do que eles sabem a gente fazer nosso planejamento de aulas e eu não fazia isso”, disse a professora de português
Elaine Ribeiro Claro.
“Eles aprendendo mais eles podem ensinar melhor para a gente, de um jeito melhor para a gente”, lembrou Márcia Sousa, de 11 anos.
Para o diretor Celso Teixeira, lições de gestão. Ele é um professor de português que se apaixonou pelos números e passou a lidar com um vocabulário típico de quem administra uma empresa.
“Eu sei em porcentagem quanto o aluno fulano de tal tem e quanto eu quero que ele chegue. Eu consigo determinar isso para a sala, determinar isso para a escola. Dessa maneira o caminho é mais curto”, explicou.
Foi mesmo. Em dois anos, o desempenho na avaliação do MEC melhorou. A nota do Ideb passou de 4,2 para 5 no 5° ano. E pulou de 3,5 para 4,2 no fim do ensino fundamental.
Um trunfo é a professora comunitária, que percorre o bairro e mantém contato com as famílias.
O envolvimento dos pais faz diferença. A mãe de Tiago acompanha as tarefas e o dia a dia da escola. “Se cada pai fizesse um pouquinho do que eu faço, eu creio que a escola ainda estaria melhor do que está hoje”, disse ela.
Em uma escola em Belo Horizonte, a receita de superação é um pouco diferente. Para motivar alunos que repetiram várias séries, a saída foi diversificar as atividades. É uma parceria da rede municipal com a Fundação Roberto Marinho.
A brincadeira da batata quente vira teste de conhecimentos gerais. Em aulas do Telecurso, situações do cotidiano ajudam a entender assuntos que já foram vistos.
“O grande objetivo eu acho que é fazer com que eles descubram que eles sabem, que eles podem aprender que eles dão conta”, destacou a professora Luiza Carvalho.
A criação de um ambiente favorável ao ensino está menos ligada a grandes investimentos na estrutura física das escolas e mais ao acompanhamento do dia a dia da sala de aula.
Os números mostram que Minas Gerais conseguiu dar um salto de qualidade nos primeiros anos do ensino fundamental porque resolveu apoiar o trabalho do professor e ajudá-lo a superar as próprias deficiências.
Educadores mais experientes acompanham as aulas, detectam os problemas e apontam saídas. O foco é a alfabetização até o 3° ano. De 2006 para 2010, o percentual de alunos de 8 anos que sabem ler e escrever pulou de 49% para 86%.
A baixa rotatividade dos professores ajuda a dar continuidade ao trabalho. “Dá segurança. Dezembro você fecha as turmas, você já sabe qual o perfil do professor para aquela turma”, explicou a diretora de escola Marli Soares Barreto.
O exemplo foi citado por uma consultoria internacional que analisou experiências bem sucedidas em 18 países. Na maioria, o que fez a diferença foi a qualificação do diretor e dos professores - que contam com a ajuda do material didático. Uma espécie de guia, ele explica o que o aluno tem de aprender e dá sugestões de como chegar lá.
É contando histórias que crianças de 6 anos se preparam para a alfabetização. Outro diferencial: alunos de famílias menos estruturadas passam o dia inteiro na escola. Se divertindo, nem percebem que estão aprendendo.